Em 10 anos, vimos o número de cursos de Odontologia no Brasil subir de 241 para 650, o que representa um aumento aproximado de 170%. Quando levamos em consideração a soma de pessoas matriculadas em algum desses cursos, o salto foi de 99.142 pessoas em 2015 para 162.750 pessoas em 2024, uma variação em torno de 64%.
Nesse cenário, será que o ritmo de crescimento de novas vagas continuará em alta no país nos próximos anos? E, quando olhamos estado por estado, as realidades são semelhantes?
Para responder a essas e a outras perguntas, elaboramos uma série de visualizações que ajudam a identificar a evolução do mercado de faculdades de Odontologia no Brasil nos últimos 10 anos, com destaque para o componente geográfico e as variações entre os estados. Os dados utilizados são provenientes do Censo da Educação Superior, realizado anualmente pelo INEP, um levantamento obrigatório para todas as faculdades registradas no MEC, o que assegura a consistência e a confiabilidade das informações.
Número de ingressantes
Em 10 anos, podemos ver alguns estados com aumento de mais de 200% no número de pessoas iniciando algum curso de Odontologia, como Pará, Goiás e Piauí. Mas, longe de ser um fenômeno nacional, é possível visualizar que alguns estados registraram pouca variação ou até mesmo queda nesse número. É o caso, por exemplo, de Acre e Amapá, com redução na ordem de 50% no total de ingressantes.
Com um olhar mais atento, é possível notar que estados mais populosos, como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia, tiveram uma variação mais modesta nos números, sendo, dentre estes, a maior na Bahia, com aumento de 60%, e a menor em Minas Gerais, com 35%.
Este é um número que reflete o termômetro de demanda por vagas em Odontologia: pessoas que se interessam em entrar no curso, seja por vestibular ou por troca de curso. Vamos à próxima análise, que mede o tamanho da população de graduandos no país.
Número de matriculados
O número de pessoas matriculadas é frequentemente utilizado pelo INEP para analisar os maiores cursos em número de estudantes do país. Atualmente, Odontologia ocupa o 6° lugar dentre os cursos de natureza presencial. Na área da saúde, está atrás, por exemplo, dos cursos de Enfermagem e Medicina, mas à frente de outros, como Fisioterapia e Farmácia.
Neste mapa, podemos observar uma heterogeneidade similar à que vemos no mapa anterior, com variações positivas altas no Pará (%), em Goiás (%) e no Piauí (%), mas também variações negativas no Acre (%) e no Amapá (%).
Variações próximas de zero refletem a estabilidade no número de pessoas cursando Odontologia em estados como Rio Grande do Sul e Amazonas, nos últimos 10 anos.
Tendência de estabilização no número de graduandos
Já este gráfico mostra a evolução, ano a ano, do número de matriculados em Odontologia nos cinco estados com maior quantidade de alunos. Veja que, após anos de tendência crescente, o resultado dos últimos dois anos aponta para uma estabilidade.
Leve-se em consideração que esses cinco estados representam mais de 50% da população brasileira e que, na análise individual, três deles apresentaram queda de 2023 para 2024 (São Paulo, Minas Gerais e Bahia). Podemos estar diante de um fenômeno muito recente, em que o ritmo acelerado de crescimento do mercado de cursos de Odontologia caminha para uma estabilização.
Novas vagas
Neste último gráfico, a evolução das vagas passa a ser analisada separando as redes pública e privada. A diferença entre elas é marcante: enquanto a rede privada responde pela imensa maioria das novas vagas e sustenta quase todo o crescimento observado na última década, a rede pública permanece praticamente estável, com pequenas variações ano a ano. Desde 2022, o volume de vagas ofertadas pela rede privada praticamente não se altera, sugerindo um possível platô após anos de expansão contínua. Já a rede pública mantém um patamar baixo e constante, sem indícios de aumento relevante no período.
Esse cenário combinado sugere a ideia de um possível ajuste recente no mercado, que parece estar respondendo mais diretamente às oscilações de demanda. Ainda assim, por se tratar de um movimento recente, é preciso acompanhar os próximos anos para saber se estamos diante de uma estabilização real ou apenas de uma oscilação passageira.
Conclusões
Após anos de tendência crescente clara no mercado de Odontologia, os dados mais recentes sugerem um cenário de transição. Os próprios dados mostram um quadro heterogêneo: enquanto estados como Pará, Goiás e Piauí registram aumentos expressivos tanto em ingressantes quanto em matriculados, outros, como Acre e Amapá, seguem trajetória oposta, com quedas significativas. Esse contraste, somado à recente estabilidade observada nos maiores estados do país, sugere que o avanço do setor não é uniforme e que diferentes regiões caminham em ritmos distintos.
Ainda é cedo para afirmar que chegamos a um novo patamar definitivo, mas os indicadores de matrículas, ingressos e oferta de vagas apontam para um ritmo menos intenso do que o observado na década anterior. Para compreender se essa tendência representa de fato uma mudança estrutural ou apenas uma oscilação momentânea, será essencial acompanhar os próximos ciclos do Censo da Educação Superior.
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